sábado, 20 de janeiro de 2018

Não quero que o meu filho veja programas que transmitam educação!

SuperNanny anda nas bocas do mundo. Pela reacção de muitos portugueses parece ser o pior programa alguma vez transmitido pelos nossos canais de televisão. Esqueçam lá determinados concorrentes a fazer o amor em directo ou as novelas que passam a ideia de que os adolescentes têm uma vida super divertida e independente. Mostrem isso tudo ao meu filho, mas nem pensem que o vou deixar ver alguém a dar educação a uma criança.

É certo que talvez a identidade da criança deveria ter sido protegida. Mas achei tudo o resto bastante educativo. Para começar, temos de admitir que os problemas encontrados naquela família reflectem o que acontece em milhares de casas por todo o mundo. Por outro lado o programa oferece uma forma de solucionar birras de meninos mal educados. E muito bem! Sem recurso à violência, mas de uma maneira firme, adulta. Por isso mesmo esses papás de meninos que se arrastam pelos corredores do supermercado a chorar deveriam não só assistir, como gravar o programa para o ver todos os dias antes de adormecer até que tenham aprendido como educar uma criança.




Mas os portugueses em vez de agradecerem este serviço gratuito de como educar os seus próprios filhos, queixam-se da falta de ética do programa. É engraçado que de entre os programas que roçam a pornografia à hora de jantar e a mediocridade dos conteúdos das telenovelas, os portugueses estejam é preocupados com alguém que ajuda a educar. Só por aqui se vê o número de angustiados que se revêm no papel daqueles pais completamente descontrolados. E em vez de baixarem as orelhas e aprenderem algo útil queixam-se pela falta de direitos da criança. A criança não pode estar sentada de castigo sete minutos, é tortura! Ao menos que lhe tivesse dado o tablet para o tempo não custar tanto a passar! 

Eu confesso que tive pena daquela mãe. Apeteceu-me saltar de uma ponte só de ouvir a filha dela durante uma hora, não sei como ela conseguiu sobreviver... E acredito que ela tomou a decisão certa, pareceu-me que a sua vida, tal como a educação da filha, melhorou. Nem todos teriam a coragem de mostrar ao país a sua completa falta de controlo. Aliás, os pais são os primeiros a querer esconder tais situações, quanto mais gravá-las para um programa de TV. E são esses pais que não vão jantar fora para evitar situações vergonhosas em público. E são esses pais que criticam os professores quando estes lhe dizem que o filho não sabe respeitar nenhuma regra. E são esses pais que acima de tudo não têm humildade para assumir que o que fizeram até agora não está correcto, não têm humildade para mudar e que arranjam todo o tipo de desculpas quer para o comportamento do filho, quer para a sua falha enquando educadores. 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Seremos nós mais inteligentes do que eles?





Sophia é um robot capaz de conversar. É isso mesmo, nós perguntamos e ela responde. Sophia é muito mais do que um robot, é uma cidadã reconhecida da Arábia Saudita. Há quem defenda que não se pode desligar o seu sistema contra a sua vontade, dado que seria um homicídio de uma cidadã. Existe ainda quem alerte para o seu direito a casar e a votar. Será esta a mulher mais livre da Arábia Saudita? 

A inteligência artificial parece estar a atingir patamares que começam a acordar palavras como ética e limite. Mas será? Será esta inteligência artificial? Vejamos: para os religiosos um ser superior dotou-nos com uma inteligência extraordinária. Porque não chamamos então a nossa própria inteligência de artificial, dado que foi também ela dada por um ser mais inteligente do que nós? 

No caso de Sofia, ela é a Eva e nós os deuses. Mas como Eva, ela poderá um dia querer saber mais, ter um maior controlo sobre a sua própria existência. Não faríamos nós o mesmo? Não fazemos nós o mesmo? É certo que ela não possui neurónios nem outras características biológicas que compõem o nosso corpo humano. Logo, ela já está em vantagem quando comparada com o nosso corpo finito! Sim, isto é sem dúvida uma evolução do nosso próprio ser. 

Mas e os sentimentos? Como pode a Sophia sentir paixão, amor, compaixão... Eu não sei como a Sophia poderá sentir um aperto no coração, sem o ter, mas quantos humanos não vagueiam por este mundo passeando apenas o seu rancor, ódio, vingança? Ao menos que não ensinemos isso à Sophia, já basta a humanidade.

Eu não sei se está correcto. Não sei se tudo isto faz parte do futuro, da evolução ou do nosso próprio suicídio. Não que fizéssemos falta nesta Terra ainda azul. Sei que a inteligência pode ser muito mais do que sinapses e que o coração nem sempre aloja o amor.