segunda-feira, 26 de junho de 2017

Entrevista - Rádio Riba Távora

Foi com um enorme prazer que fui entrevistada pelo Pedro Carvalho, que não só passa algum do seu tempo a divagar pela Rádio Riba Távora, como também escreve para o blogue Via Nocturna. Ouçam... e digam-me qual a frase que mais vos tocou!

domingo, 18 de junho de 2017

"Dois Segundos" - o tempo que lhe pode roubar a vida

Dois segundos são suficientes para decidirmos entrar por uma estrada que brevemente se irá tornar o nosso corredor da morte. Assim como dois segundos são suficientes para tropeçarmos no amor da nossa vida. Já tinha preparado este texto, "Dois segundos", ainda antes desta horrível tragédia. Resolvi então incluir este filme de terror, visto que se adequa perfeitamente.

Dois segundos não são nada quando comparados com o tempo da nossa vida. Não são nada quando comparados com as longas oito horas de trabalho, muito menos com os anos que se vão acumulando no nosso ser. Por isso mesmo é que dois segundos nos parecem tão insignificantes, tão inocentes até. Afinal de contas o que pode mudar em dois segundos?

Dois segundos de inocentes nada têm. Dois segundos é o tempo suficiente para nos matar. Ou salvar. Dois segundos é o tempo suficiente para perdermos o autocarro que fatalmente caiu de uma ponte. Dois segundos são suficientes para que um avião expluda no ar. Dois segundos de atraso, foi o tempo suficiente para que um carro completamente descontrolado batesse contra o muro, e não contra mim. Dois segundos, o tempo de eu me baixar e beijar a Roma na testa antes de sair de casa foram suficientes para me salvar.




Nunca subestimemos o poder dos dois segundos! Se as famílias que morreram neste incêndio tivessem tido mais dois segundos de aviso, tivessem demorado mais dois segundos no restaurante, tivessem parado por dois segundos para ir à casa de banho, talvez a sua estória tivesse sido outra. Em dois segundos o nosso chão pode desmoronar, assim como em dois segundos podemos comprar o bilhete vencedor da lotaria. 

Dois segundos são dois segundos, valem o que valem, ou valem tudo ou valem nada ou valem a escuridão. Que se aproveite cada segundo da nossa vida...

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Aquilo Que Ninguém Quer Ler

Hoje decidi escrever aquilo que ninguém quer ler. Muitos são os textos perfeitos que correm por essas redes sociais, que nos enchem de palavras como "Tu vais conseguir" ou "Amanhã tudo vai ser diferente". Não é que eu não concorde com estas mesmas frases, simplesmente acho que são partilhadas tão ferozmente que acabam por ser lidas com um tom de voz mental neutro. Se por um lado devemos cultivar a nossa auto-estima, por outro devemos fazer desse procedimento algo especial e íntimo, e não uma leitura corriqueira qualquer enquanto vasculhamos as fotos dos amigos.

Pois bem, mas se frases bonitas com flores como fundo são o que aparentemente todos nós gostamos de partilhar, o que é que realmente ninguém quer ler? Ninguém escreve sobre um fracasso que tenha tido. Sobre como foi enganado. Sobre como foi traído e ingénuo. Sobre como não conseguiu pagar a prestação até ao fim do mês. Ninguém publica o seguinte estado: Diana está a sentir-se deprimida porque mais uma vez não conseguiu concretizar o seu sonho. Hoje a vida tem de ser perfeita e não há espaço para a tristeza. Ou então somos uns fracassados. Quando algo corre mal partilhamos uma foto com uma frase qualquer sobre como ultrapassar os maus momentos ou mudamos a foto de perfil, para que todos vejam o nosso sorriso sincero e feliz. 

Não! Eu sou a primeira a incentivar a auto-confiança nos meus textos, mas a vida não é tão simples como aquilo que todos artificialmente querem fazer parecer. Não! A vida é feita de baixos e altos, mas para realmente alcançar os altos é preciso viver os baixos. E não maquilhá-los. É preciso chorar, é preciso pensar, é preciso sentir a dor. Quando olho para trás percebo que muitos dos momentos dolorosos foram necessários. Se calhar não todos, admito, mas como poderíamos saber que afinal não podemos confiar naquele amigo se não tivéssemos passado pela dor da traição? 




Aquilo que ninguém quer ler é: eu acordo despenteada e não, não acordo maquilhada como nas fotografias dessas raparigas que andam por aí a circular; eu transpiro tanto, mas tanto nos dias de calor que chego a casa toda pegajosa; eu choro às vezes e outras magoo também; eu quando acabo de comer bolo de chocolate fico com a cara toda pegajosa e suja. 

E você?