domingo, 28 de agosto de 2016

O Estranho Acto de Errar




Errar, só por si, não está certo. Está errado. E quão difícil é para o nosso cérebro assimilar o simples facto de que estamos, cruel e friamente, errados. Errado está, no final de contas, o nosso cérebro. Pobre coitado que apenas nos tenta proteger dos nossos próprios erros.

Pois é, requer um segundo para apontarmos o dedo ao outro, mas meses e anos de convivência e aprendizagem para atingirmos aquele nível de maturidade que nos vai fazer dizer, devagarinho, quase a soletrar cada letra que constitui a palavra "D-E-S-C-U-L-P-A". E ela sai e sentimo-nos anões na nossa existência. Mas na verdade ela cresce, cresce a alma e a nossa dignidade. É certo que encontramos velhos com os pés para a cova incapazes de se desculparem, ranhosos! Mas eu quero  chegar a velha com espírito de criança, não com atitudes imaturas. E também tu, certamente. Por isso pensa, vamos pensar os dois, vamos pensar todos juntos, e não sentir vergonha ao demonstrar o quanto a nossa alma está grande, ao ponto de saber que não só tu, mas também eu, errei. 

Nesta sociedade do avesso, simples é o acto de errar, e estranho é o acto de pedir desculpa. Vamos parar só por um momento de regar o nosso ego, e adubar antes a nossa maturidade.